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As Ondas da Música Cristã no Brasil

Atualizado: 5 de abr.


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Como Jeremy Riddle diz: “estamos vivendo um tempo de liberdade”. Um tempo de liberdade na igreja e na área da adoração que uma geração antes de nós sonhou com ela. Talvez você não tenha noção dos sacrifícios feitos para que pudéssemos estar vivendo o que vivemos hoje.


Muitos conhecem, ou, até mesmo foram criados em alguma igreja mais tradicional, que o louvor era feito por um tipo de coral, acompanhado apenas por um órgão ou piano. Chegavam e cantavam os hinos do hinário (ou harpa cristã, ou cantor cristão, enfim.). Foi um grande esforço que precisou ser feito para que pudéssemos louvar com uma guitarra elétrica ou bateria na igreja.


Jeremy conta que na igreja Bethel (CA, EUA) há um guitarrista que sobe para adorar com umas botas diferentes, várias joias, várias tatuagens... “ele parece um rock star de verdade!”, diz Jeremy. Você consegue compreender o preço que foi pago para que um cara assim pudesse tocar sem que ninguém ficasse o julgando? Não entende a luta e quão dolorido foi para que uma geração antes de nós pudesse separar a guitarra (bateria, etc..) do mundo demoníaco. “Tudo era do diabo”.


Talvez não pensemos muito sobre isso, mas foram as pessoas dos anos 60 que começaram a pensar “por que só o diabo tem as músicas boas?” e foram bem reprimidos por isso. Mas hoje estamos com nossas guitarras, baixos, baterias e toda nossa extravagância adorando ao Senhor, naturalmente.


Na verdade, o que ocorreu é que, de tempos em tempos, foram acontecendo “ondas de avivamento” no nosso país na área da Adoração e com isso vieram mudanças. Para entendermos isso e compreender onde estamos, vou fazer um resumo bem rápido.


1ª Onda:

A música cristã começou no Brasil na nossa colonização. No mesmo momento, no mundo, ocorria o período da reforma (1500 d.c.). Logo, juntamente com diversos costumes, a música também vinha regada do perfil e das características europeias. O reformista Martinho Lutero, que também era poeta e músico, chega rompendo, inaugurando o canto congregacional (até aquele momento as músicas eram caracterizadas pela sua extrema rigidez e apenas homens e meninos podiam cantar). Em geral, as canções de Lutero e dos calvinistas marcam esse período. Foi assim até o final do século XVII. No século XVIII, diz-se que houve o “silêncio das manifestações musicais”. Acredita-se que tal fato ocorreu devido à inquisição e que esta foi capaz de agir como força inibitória.


2ª Onda:

Já no século XIX tivemos um tempo áureo para a música cristã. Dessa vez a influência direta era norte americana, trazida pelos missionários anglo-americanos para o Brasil. Foram organizados os chamados “hinários eclesiásticos”. Em algumas igrejas chamamos de Hinário Cristão, em outras de Harpa Cristã, em outras, Cantor Cristão e ainda, Salmos e Hinos. Mesmo os nascidos nos anos 2000 já ouviram o cantar de “Glória, glória, aleluia! Vencendo vem Jesus”, “ Cristo já ressuscitou”, etc. Tamanha foi a influência e a expansão de tais canções pelo território nacional.


3ª Onda:

Assim se seguiu até o século XX. Nos anos 60 aconteceu um movimento de adoração nos EUA chamado “Jesus Movement” e tal mover chegou ao Brasil no mesmo momento. Tal movimento rompia com a forte institucionalização das igrejas e buscava as centrar em Cristo. Foram esses irmãos que lutaram para que pudéssemos usar hoje nossas guitarrinhas e baterias (rsrs). No Brasil, esse período foi marcado por músicos e grupos de louvor como Nelson Ned, Jairinho Gonçalves, João Alexandre, Sérgio Pimenta, Vencedores por Cristo, Vozes da Verdade, Logos, Grupo Koynonia, Rebanhão, etc... Esse mover se estendeu para todos os tipos de denominações, cada uma com o seu estilo. Isso era possível, pois era a primeira busca por dar brasilidade às músicas. Dessa forma, havia o desejo de se adorar a Deus com ritmos brasileiros, submetendo os estilos musicais à palavra de Deus.

É quase impossível falar todos os nomes e legados dessa geração. Mas, gostaria de destacar a importância das Comunidades na propagação deste novo estilo (como a Comunidade S8, Comunidade de Goiás, de Botafogo, da Zona Zul, etc.. ). Além disso, destaco aqui duas pessoas que, naquele momento, irromperam com a musicalidade jovem (daquela época rsrs) e o uso das bandas na música congregacional, que foi Adhemar de Campos e Asaph Borba (inspirações pra mim).


4ª Onda (“espuma da 3ª Onda”)

Chegamos à década de 90. Esse também foi um período marcado por novidades. Destaco o Diante do Trono que chegava inovando com orquestra, solos de guitarra, vários backs vocals e uso do rock na música cristã. Inicialmente influenciados por grupos estrangeiros como Hillsong e Michael W. Smith. A canção “Aclame ao Senhor” (famosíssima), por exemplo, foi uma versão em português da música “Shout out to the Lord” de Darlene Zschech da Hillsong. Há de se dizer que Deus foi muito generoso em nos trazer essas canções por meio do Diante do Trono e outros ministérios naquele tempo. Igrejas nos EUA e Austrália já haviam passado por uma abertura maior com relação à liberdade nas suas ministrações, nas canções, e musicalidade nas suas comunidades de fé do que o Brasil.

Outros grupos importantes desse período foi: Oficina G-3, Trazendo a Arca, David Quinlan, Sirilo, Kleber Lucas, Alda Célia, Aline Barros, Mara Maravilha, etc.. Não podemos esquecer que também temos os “cantores gospel” (apesar de todos acima serem influenciados pela “música gospel” americana dos anos 80). Essas que chamamos apenas de “gospel” tem, em geral, um desfecho pentecostal. Temos, por exemplo, a música “Com muito louvor” da Cassiane.


5ª Onda

Bem, hoje estamos vivendo no Brasil uma onda que começou no início deste século e que muitos estão chamando de “worship” (adoração, em inglês). Este estilo de música e de ministrações nas igrejas estão sendo caracterizadas pela liberdade, musicalidade mais simples do que o do período passado, instrumental pouco rebuscado, poucos acordes e muitas inversões, canções com palavras simples, guitarras com mais ambiência do que distorção, muito usado da espontaneidade nas ministrações e menos formalidades. Podemos citar alguns ministérios brasileiros como Gabriela Rocha, Isaías Saad, Pedras Vivas, Com Cristo, Avivah, Be One Music, Dunamis Moviment, Livres, Pier 49 Music, Morada, etc.. Uma observação é que muitos dos ministérios da 4ª Onda foram se adaptando e hoje se enquadram aqui também.

Esse movimento, apesar da aderência brasileira, de se ter muitas canções autorais, foi iniciada (também) sob a influência de igrejas americanas como Bethel Church, Elevation Church, Gateway, Hillsong (australiana), etc...


Conclusão


É interessante notar que todas essas “ondas” foram muito importantes para cada momento em que o Brasil e a igreja brasileira passava. Era o “avivamento” daquele momento. Cada uma delas foi base e sustento para que a próxima pudesse acontecer. Além disso, quando a próxima começava, a passada não se extinguira por completo, mas, se modernizava. Até hoje temos canções do Hinário, do Asaph, Ademar de Campos sendo cantadas nas igrejas, tanto nos formatos originais, quanto remasterizado. As canções são eternas.

Hoje, caminhamos em cima do que irmãos antes de nós sonharam e semearam. Por isso este é um tempo incrível de liberdade. A adoração está varrendo o globo. Preste atenção porque isto não foi algo dado, porque aquela geração, entes de nós, lutou por isso.

E ai? Como é a ministração da sua igreja? Você conseguiu se localizar com o nosso texto? Qual seu período favorito?



Referências:

2 comentários


Kezia Souza
Kezia Souza
05 de abr. de 2022

Top d+, ver essa evolução. Eu peguei o final da 3° onda, q não era muito aceita por alguns cristãos, como vim de uma igreja bem tradicional, lembro q nós jovens n podíamos tocar rock, reggae nas igrejas e a gente migrava para as igrejas menos tradicionais (kkk) passei pela 4° onda tb, e nunca tive problema em me adaptar às novidades. Hoje estamos aí nos adaptando a 5° onda q como o texto acima diz, podemos usar um pouco de cada onda. Hoje temos essa liberdade, graças aos músicos do passado. Gostei muito do texto, parabéns!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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Rhany Oliveira
Rhany Oliveira
20 de jun. de 2018

Ameei ! Nunca tinha visto a evolução da música cristã desse jeito! <3 Ficou top!

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